sábado, 16 de maio de 2009

Um anjo morto!

Ivonete tinha acordado mais cedo naquela manhã. Não conseguiu dormir bem à noite. Teve pesadelos, mas não se lembrava direito do que sonhara. Eram recém 6h15min, mas ela resolveu levantar e se preparar para mais um longo dia de trabalho.

Tomou banho e em seguida foi preparar o café. Comeu. Foi organizar o quarto. Nossa, já são sete e meia, vou perder o ônibus, pensou ela. Antes de sair, porém, foi ver o filho, Altair, que ainda estava dormindo. Acordou-o.
- Filho, você está bem? Hum, acho que não está mais com febre, mas é melhor você não ir à escola hoje.
- Tá bem, mãe. Eu vou dormir, ainda tô com sono.

Ivonete saiu às pressas de casa, provavelmente perderia o ônibus. Teve tanta pressa que se esqueceu de trancar a porta da casa, geralmente era Altair quem fazia isso quando ia à escola.
Depois de um exaustivo dia trabalhando, ela passou em uma loja que vendia jogos de videogame. Eu quero esse aqui – disse ao vendedor, apontando um dos jogos que estava na prateleira. Era um presente para o filho, que no dia seguinte completaria 12 anos.

Chegou perto de casa. Havia policiais e algumas pessoas que ela ainda não identificava. Estavam conversando. Luana, sua vizinha, caminhava rapidamente em sua direção, estava quase correndo.
- O que aconteceu? perguntou Ivonete
- Você precisa ser forte, disse ela chorando.

No mesmo instante, Ivonete correu, entrou em casa, seu coração parecia sair pela boca. Tinha vontade de chorar, mas não conseguia. Estava em choque. Altair, deitado no sofá, estava morto!

Eram 10 horas da manhã quando o menino levantou. Estava com fome. Colocou o leite no copo e foi assistir televisão. De repente entraram dois homens na casa. Um deles era seu pai, que ele não via fazia quatro anos. Pai?! O que você está fazendo aqui? – antes que ele respondesse, começou a imaginar que seu pai havia sentido sua falta e por isso resolveu visitá-lo na véspera de seu aniversário. Será que ele lembrou? – pensava, quando foi interrompido pela fala do outro sujeito: Tu não disse que não ia ter ninguém em casa!!

Rodrigo, o pai de Altair, era usuário de drogas. Tentou parar algumas vezes, mas não conseguiu. Certa vez desentendeu-se com um traficante, desde então saiu de casa para não colocar a família em risco. Agora havia voltado e precisava de dinheiro para pagar sua última compra de heroína. O pai só veio pegar algumas coisas. Fica aí quietinho. Rodrigo parecia nervoso, seus olhos estavam vermelhos e inchados.
- Eu vou levar a TV também, talvez de pra vendê – disse o sujeito.
- Pai você não pode deixar ele fazer isso! – gritava Altair, que aos poucos começava a entender o que estava acontecendo.
- Fica sentado aí – disse o sujeito empurrando o menino para o sofá. – Faz o teu filho se acalmar se não eu vou acabar com ele.
- Filho, fica quieto. Depois a gente conversa. – Rodrigo já estava tremendo e Altair continuava falando e cada vez mais alto.

O sujeito, já irritado, sacou a arma e num impulso atirou. Pegou no braço do menino. Agora ele começava a chorar. Rodrigo em pânico saiu correndo e desapareceu. O sujeito também assustado e sem hesitar segurou Altair e tapou seu rosto com uma almofada até ele parar de gritar... e de respirar. Alguns vizinhos, atordoados, entraram na casa. Não havia mais ninguém, a não ser um anjinho deitado no sofá. Um anjo morto!

Autora: Karoline dos Santos Batista (estudantes de Ciências Contábeis)

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